Analgesia
Quando utilizamos técnicas alternativas para alívio de dor, a maioria das mulheres acaba tendo o parto sem a necessidade de analgesia. Um preparo da mulher iniciado ainda no pré-natal, com muita conversa, esclarecimento de dúvidas e informação de como o parto acontece ajuda no seu empoderamento para que aconteça uma entrega na hora do trabalho de parto. Sentindo-se confiante no processo, a mulher consegue relaxar e assim possibilita a liberação de hormônios que agem para diminuir a dor e ajudar o parto a fluir. Outros fatores muito importantes que também ajudam nesse relaxamento da mulher são um ambiente aconchegante, a presença de um acompanhante de escolha, a ajuda de uma doula, a livre movimentação durante o trabalho de parto e o uso de água quente (chuveiro e banheira). Mas, mesmo com toda essa ajuda, algumas mulheres vão precisar do uso de analgesia de parto – e tudo bem! – pois ela existe para ajudar nesses casos. Quando bem indicada, ela ajuda a mulher a relaxar e a seguir o processo, sem atrapalhar, desde que seja feita uma dose mínima necessária para o alívio da dor sem prejudicar os movimentos e a capacidade da mulher em fazer força. Como qualquer intervenção no parto, a analgesia não é isenta de riscos. Quando ela passa do ponto e fica muito pesada, pode fazer com que a mulher perca os movimentos das pernas e não consiga mais se movimentar e a ficar na posição vertical. Também pode fazer com que a mulher não faça as forças na hora do expulsivo adequadamente, aumentando as chances de necessidade de uso de instrumentos para ajudar o bebê a nascer. Com analgesia, a mulher e o bebê precisam ser mais frequentemente monitorizados e passa a ser necessário também um acesso venoso, que num parto que estava evoluindo naturalmente não é utilizado de rotina. A mulher também não pode mais fazer uso do chuveiro ou de banheira devido a utilização do catéter de analgesia, que é colocado nas costas da mulher para que as doses do medicamento para tirar a dor sejam repetidas conforme a necessidade. O tipo de analgesia realizada é o duplo bloqueio, uma combinação de anestesia raquidiana e peridural, que permite que a mulher se movimente, sinta as contrações sem a presença da dor e consiga fazer força no período expulsivo. A peridural permite que sejam realizadas doses complementares até que o bebê nasça. Dos 1324 partos normais acompanhados de 2004 a 2018, 67% ocorreram sem analgesia e 33% com analgesia.