Analgesia
Quando utilizamos métodos alternativos para alívio de dor, a maioria das mulheres acaba tendo o parto sem a necessidade de analgesia medicamentosa. Um preparo da mulher iniciado ainda no pré-natal, com muita conversa, esclarecimento de dúvidas e informação de como o parto acontece ajuda no seu empoderamento para que aconteça uma entrega na hora do trabalho de parto.
Sentindo-se confiante no processo, a mulher consegue relaxar e assim possibilita a liberação de hormônios que agem para diminuir a dor e ajudar o parto a fluir. Outros fatores muito importantes que também ajudam nesse relaxamento da mulher são um ambiente aconchegante, a presença de um acompanhante de escolha, a ajuda de uma doula, a livre movimentação durante o trabalho de parto e o uso de água quente (chuveiro e banheira). Mas, mesmo com toda essa ajuda, algumas mulheres vão precisar do uso de analgesia de parto – e tudo bem! – pois ela existe para ajudar nesses casos. Quando bem indicada, ela ajuda a mulher a relaxar e a seguir o processo, sem atrapalhar, desde que seja feita uma dose mínima necessária para o alívio da dor sem prejudicar os movimentos e a capacidade da mulher em fazer força.
Como qualquer intervenção no parto, a analgesia não é isenta de riscos. Quando ela passa do ponto e fica muito pesada, pode fazer com que a mulher perca os movimentos das pernas e não consiga mais se movimentar e a ficar na posição vertical. Também pode fazer com que a mulher não faça as forças na hora do expulsivo adequadamente, aumentando as chances de necessidade de uso de instrumentos para ajudar o bebê a nascer. Com analgesia, a mulher e o bebê precisam ser mais frequentemente monitorizados e passa a ser necessário também um acesso venoso, que num parto que estava evoluindo naturalmente não é utilizado de rotina. A mulher também não pode mais fazer uso do chuveiro ou de banheira devido a utilização do catéter de analgesia, que é colocado nas costas da mulher para que as doses do medicamento para tirar a dor sejam repetidas conforme a necessidade.
O tipo de analgesia utilizada para partos é o duplo bloqueio, uma combinação de anestesia raquidiana e peridural, que permite que a mulher se movimente, sinta as contrações sem a presença da dor e consiga fazer força no período expulsivo. A peridural permite que sejam realizadas doses complementares até que o bebê nasça.
Dentre os 1.794 acompanhados de 2004 a 2022, 1.505 (84%) foram partos normais e destes, 64% ocorreram sem a necessidade de analgesia.
É fundamental que a analgesia seja feita de acordo com o desejo e/ou necessidade da mulher, pois isso possibilita que o parto seja vivenciado de forma positiva e prazerosa. E também é importante ressaltar que dessa forma o parto normal pode ocorrer sem dor, se isso for uma escolha da mulher, tendo em vista que um dos principais motivos para que algumas mulheres escolham uma cesárea como via de parto é o medo da dor.
Para saber mais sobre os mecanismos da dor no parto clique aqui. E acessando esse outro texto publicado no blog, você poderá ler mais sobre o que é a analgesia e como ela funciona.