Parto normal com analgesia: Nascimento do João Miguel
Eu sentia em todas as contrações muita dor lombar. Após a analgesia, começou a ficar quente, passar a dor, mas eu tinha total sensibilidade, deitei para Andrea me examinar. Daí pra frente parece outra história… Dos 3 cm de dilatação, com analgesia ela notou que havia uma fibrose no colo do útero e desfez a mesma. Com isso, foi pra 9 cm, isso mesmo, NOVE. Eu não acreditava que estava ouvindo isso, a fibrose era o que impedia a dilatação de evoluir naturalmente, e com massagem ela terminou de dilatar até os 10 cm.
Parto normal com analgesia: Nascimento do João Miguel
Nos casamos dia 26 de abril de 2014, e dia 10 de maio embarcamos para a “Lua de Mel” em Portugal e na Espanha. De lá partimos para conhecer também o especial arquipélago de Açores, onde meu sogro nasceu, simplesmente linda a Ilha de São Miguel! Gostaríamos de ter engravidado lá, mas não foi assim que aconteceu. As tentativas então continuaram, cada mês a “dita” atrasava e lá ia eu gastar com teste, e negativo… Enfim…
Sete meses depois, começando 2015, dia 14 de janeiro, fiz o teste sem acreditar que poderiam aparecer as duas listrinhas, mas estavam lá as duas antes mesmo dos 5 minutos.
Desde sempre soube que, quando engravidasse, seria o parto normal a escolha para trazer meu filho ao mundo.
Sempre tive também a clareza sobre a hipótese da necessidade de uma cesárea por motivo REAL, mas estava muito segura com a equipe comprometida em exercer da melhor forma possível a profissão, com respeito a família que nascia lá no dia em que as duas listrinhas deram o ar da graça. Mesmo sabendo que a GO que me acompanhava há anos é cesarista, fomos em duas infelizes consultas, ocasiões em que ela nos fez esperar uma eternidade.
Sempre li muito a respeito, muitos relatos, informação de qualidade, medicina baseada em evidências, enfim mergulhava no assunto, e foi assim que descobri o GAMA (Grupo de Apoio a Maternidade Ativa). Quando estávamos de 12 semanas começamos a frequentar, muito bom estar numa roda de pessoas com ideais parecidos, todos no mesmo sentido, onde não te olham como se fosse um “ET” ou te chamando de louca corajosa.
Gostamos muito, toda quinta-feira estávamos lá, cada vez mais seguros, informados e felizes com esse mundo mágico, e essa “gama” de informações…rsrs
Na primeira noite de palestra conhecemos a Janie doula e de imediato nos identificamos com ela. Nas andanças pela internet sempre via o nome da Andrea Campos, GO que faz a Versão Cefálica Externa, admirava os relatos que mencionavam o nome dela, foi assim que então decidimos marcar uma consulta, sabendo que era particular, mas que encaramos como investimento em qualidade de vida de nossa família. Me apaixonei na primeira consulta pela profissional que ela é!
Triste é saber que nem todas as mulheres conseguem um atendimento com todo esse respeito. Todas deveriam ter acesso ao que é melhor para mãe e bebê, mas chegamos lá… Ainda que a passos de formiguinha.
A gravidez foi uma maravilha, não sentia enjoos, só queimação e azia, com a pressão sempre normal, exames sempre normais.
Alugamos o Epi-no e quando completamos 34 semanas começamos com os exercícios e massagem perineal após as orientações da nossa obstetriz Cris Balzano. Na 38ª semana minha Pressão Arterial se alterou, estava alta, Andrea pediu os exames de urina e sangue pra investigar pré-eclâmpsia. Fez descolamento de membranas, caso o colo do útero estivesse favorável poderia desencadear o trabalho de parto, mas passarem-se os dias e nada, 39 semanas e nada, sessões de acupuntura, mais descolamento de membranas, cólicas, perdendo um pouco do tampão pós descolamento e nada, fiquei chateada com essa alteração de PA.
Estava tranquila, mas irritada com todo mundo perguntando “e aí nada ainda?”, “ mas você já está de 40 semana né?”…Como se eu fosse uma bomba relógio.
Até que na madrugada do dia 21 pra 22 começaram os pródromos e aproveitei pra testar o aplicativo que instalamos no celular. Mandei a evolução pra Janie, na tarde do dia 22 tínhamos consulta com Andrea, ela fez mais uma vez descolamento e daí pra frente tudo começou, saindo do consultório passamos no supermercado e as contrações dolorosas começaram pra valer, chegamos em casa e mandamos mensagem pra Janie, vomitei e daí por diante embarcamos para a grande viagem.
Messias começou a marcar as contrações, irregulares ainda. Janie chegou em casa com a Anna doula e fotógrafa, duas queridas, e a noite se estendeu assim, madrugada adentro. Quando as contrações chegaram de 1,5 pra 1,5 min, a Janie ligou pra obstetriz Cris que veio fazer o toque e ver quanto de dilatação.
Depois de tanta dor, ainda estavam os 3 cm que vimos no consultório da Andrea na tarde anterior, fiquei muito desanimada, mas continuamos firme. Encheram a banheira no quarto, que maravilha entrar na água quentinha, aliviou muuuuiiiiito.
Messias foi meu doulo também, só saiu de perto de mim pra comprar camomila e descansar 1 horinha, sempre ao meu lado, jogando água quentinha na barriga a cada contração. Depois de 4 horas a Cris voltou para fazer novamente o toque: nada mudou, aquilo começou a mexer comigo, como que pode não evoluir ? (pensava com meus botões). De manhã, às 8 hs de quarta, os mesmos míseros 3 cm e detalhe: não conseguia comer nadaaa, dormir então nem se fala, já estava exausta.
Foi quando chamamos um acupunturista pra dar uma relaxada e tonificada, ele veio fez a sessão e na parte da tarde de quarta as coisas deram uma estacionada, vinham contrações de 10 em 10 minutos. Eu já estava no meu limite, no meio da tarde conversamos com a equipe, o que podia vir pela frente? Eu já comecei a falar de analgesia, não aguentava mais o fato de não poder dormir e nem comer, o que para mim foi pior do que a dor.
Mas tinha um grande medo: tomar analgesia com pouca dilatação muitas vezes trava o trabalho de parto, podendo desencadear outras intervenções. A verdade é que eu não aguentava mais, com o colo afinando muuuuito lentamente, então decidimos ir para o hospital pra colocar um comprimido para amolecer o colo, afinar e assim continuar a dilatação. Chegamos no hospital quarta por volta das 22:00h, no caminho vomitei de novo. Eu sabia que o comprimido iria piorar as dores. Passei mais uma madrugada vocalizando em todas as contrações. Na quinta cedinho a Cris chegou para fazer o toque pós comprimido e nada de evolução.
Pensava comigo: NÃO É POSSÍVEL!!!!!!! Eu falei que queria analgesia, ela estourou a bolsa, o que piorou ainda mais as dores….e de brinde, mecônio espesso. Andrea falou que num trabalho de parto longo como o meu a analgesia estava bem indicada. Fomos para o centro cirúrgico, estava feliz e ao mesmo tempo com medo que as coisas não evoluíssem e que acabaria “na faca”, não queria nem imaginar, nadar, nadar e morrer na praia. Tive que ficar em posição de índio na maca, apoiada no Messias, o anestesista começou o procedimento, eu com as contrações e não podendo me mexer, fui sentindo a cada aplicação que ele fazia uma coisa diferente.
Ahhhh esqueci de falar: sentia em todas as contrações muita dor lombar, especialmente do lado esquerdo e no * . Começou a ficar quente, passar a dor, mas eu tinha total sensibilidade, deitei para Andrea me examinar.
Daí pra frente parece outra história…
Dos 3 cm de dilatação, com analgesia ela notou que havia uma fibrose no colo do útero e desfez a mesma.
Com isso foi pra 9cm, isso mesmo NOVE , eu não acreditava que estava ouvindo isso, a fibrose era o que impedia a dilatação evoluir naturalmente, e com massagem ela terminou de dilatar até os 10cm.
Messias fala que me transformei nesse momento, como se tivesse tomado uma injeção de energia pura, meu rosto mudou, fiquei tão feliz por saber que o grande momento de ter nosso filhote nos braços estava muito perto!!
Comecei a fazer força na maca logo em seguida, depois desci, fiquei em pé, rebolei, dancei, acocorei segurando nas mãos do Messias que estava em pé a minha frente. Eu não me aguentava de felicidade, depois de algumas forças de cócoras, fui pra banqueta, toda equipe sentada no chão do centro cirúrgico, Messias bem na minha frente com a Andrea, no momento em que ele começou a coroar eu passei a mão e pude sentir, muito mole e escorregadia, a cabecinha, depois saiu a cabeça inteira com uma força que nem eu sei de onde tirei depois da exaustão…
Falei que o Messias queria pegar, se precisava pôr luvas, ela falou que não, e na força seguinte ele saiu inteiro, lindo, cheiroso para as mãos do pai, depois para meu colo.
Naquele momento parece que o mundo parou, lembrança que ficará pra sempre em nossas mentes. Fui para maca com meu filhote nos braços, mas não podia trazer ele pro peito, pois o cordão era curto. Logo em seguida nasceu a placenta, que nutriu João Miguel até o dia de seu nascimento.
Ele não foi aspirado, não pingaram colírio nenhum nos olhinhos dele, Messias cortou o cordão só quando parou de pulsar.
Por aí vemos quantos mitos nós derrubamos: pressão alta, mecônio espesso, evolução lenta do trabalho de parto, cordão curto, sem falar num ultrassom que supostamente indicava um bebê abaixo do peso…
Andrea me examinou, tive uma laceração de pele tão mínima que nem precisei de pontos. João Miguel mamou nos primeiros segundos fora da barriga da mamãe, e ficamos juntinhos por 2 horas, depois disso a pediatra mediu, pesou e fez os testes necessários, Messias acompanhando tudo. Fomos os três pro quarto, a pediatra veio pra dar o primeiro banho de balde.
João Miguel nasceu dia 24 de setembro as 11:35h, na banqueta, depois de aproximadamente 43 horas de trabalho de parto, dia mais especial de nossas vidas.
Gostaria de agradecer a Deus por essa benção, ao homem da minha vida, cúmplice, doulo, meu marido Messias, por toda dedicação e zelo conosco, por abraçar as ideias do que sabíamos ser o melhor para nós três.
À querida Janie Paula, doula, por toda bagagem de informações, de afeto e força que nos passou em toda essa viagem; à Andrea Campos, obstetra de um profissionalismo exemplar, que me faz perder as palavras pra descrever o quanto somos agradecidos por proporcionar esse momento tão especial em nossas vidas.
À Anna Amorim, doula e fotógrafa, por todo carinho e pelo registro de tudo em imagens lindas; à Cris Balzano pelo acompanhamento sempre muito afetuoso e tranquilizador.
À Ana Paula Martins, pediatra, pela recepção do nosso João Miguel de forma tão respeitosa, ao anestesista Ricardo pelo brilhante trabalho e ao Thomas acupunturista dos melhores.
Por fim, nosso agradecimento às nossas famílias, pelo respeito que tiveram por nossas escolhas, pelas preces, orações, energia boa, chama de amor forte, que nunca vai se apagar!
Relato publicado originalmente no site Te Vi Nascer.