Eu não faria absolutamente nada de diferente. Pari da forma que sempre quis. Me senti a protagonista dessa história e estando na minha tenda vermelha, com as minhas mestras e guias que escolhi para estarem lá! Gratidão infinita a cada uma delas!

Relato de parto normal com analgesia: Nascimento do Noah

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Foto: Arquivo Pessoal

Acredito na inteligência do meu corpo e sei que apenas no parto humanizado isso é valorizado e reconhecido. Somos aptas a parir e temos o direito de viver essa experiência com todo respeito e cuidado!

Infelizmente, não é assim que funciona para a maioria dos médicos. O parto normal, devido aos procedimentos e posições impostas para a mulher, não tem nada de normal. Muitos médicos falam apenas o que queremos ouvir, mas na hora entram no comando como donos da situação. E na humanização é exatamente o oposto, tem ciência, tem respaldo, mas o protagonismo é da mulher e do bebê, e isso é o principal.

Há alguns anos conheci o parto humanizado pela experiência da minha cunhada. E nessa época ela me falou sobre a Cristina Balzano. Fui procurá-la para fazer um curso de yoga para gestantes e, quando engravidei, ela era a minha guia. Tinha uma única certeza: era com ela e com suas orientações que queria estar nesse momento. Foi a partir dela que toda a equipe se desenrolou.

A preparação para o parto foi muito útil em todos os sentidos. A começar pela escolha da equipe que traz paz e segurança. Fiz fisioterapia pélvica com a Cris, usando o epi-no, para preparar meu períneo. Fiz exercícios, mantive uma alimentação muito equilibrada (sou nutricionista), fiz terapia, acupuntura e yoga. Também fiz o curso de Spinning Babies com a Cris, o que foi muito importante durante o parto. Nada faz efeito sozinho, é o todo que mantém o equilíbrio. E, para mim, permanecer trabalhando durante toda a gestação foi muito bom.

O parto foi uma experiência surreal, uma catarse. Estourou a bolsa no sábado, dia 11. Falei com a obstetra e ela me orientou a permanecer em casa até ter contrações ritmadas! Fiquei calma, fui jantar, ver um filme e dormir.

No dia seguinte a Cris me recomendou fazer acupuntura e tomar um shake de Damasco para estimular o trabalho de parto. Nessa hora comecei a desligar meu racional e apenas me deixar ser conduzida pelas minhas mestras, Cris e Andrea, e pela sabedoria do meu corpo.

Umas 11 horas fomos para o hospital. Chegando lá a obstetra me orientou a não deixar ninguém me tocar até a Cris chegar com a Samanta, nossa doula. Eu ainda estava com contrações bem suaves fáceis de suportar.

Cris fez o exame e nem quis me contar a dilatação. Fomos para sala de parto. No princípio achei que a sala era muito hospital, porque tinha em mente uma real tenda vermelha, um lugar de encontro de mulheres. Por isso, durante toda gravidez, sempre falei para a Cris e para a Andrea que não queria a presença de nenhum homem nessa tenda. Acredito na energia feminina nesse momento! Na real, eu não queria nem meu marido.

Eles me colocaram o cardiotoco pois a frequência cardíaca do Noah apresentava oscilações. Andrea logo chegou e sua carinha era bem diferente das consultas, senti um clima de tensão no ar. Mas estava vindo pela primeira vez o mantra “Entrego, confio, aceito e agradeço”. Já falei tantas vezes isso nas minhas aulas, mas viver mesmo foi apenas nesse dia…

As contrações começaram a ritmar e ficar bem intensas. Eu não tinha posição a não ser em pé. A dor foi bem forte e o pior é que junto ao Cardiotoco eu podia ver também as contrações, e isso era desesperador. Nada me aliviava, nem água, nem banheira, apenas as massagens da doula e do meu marido, que ficaram 100% ao meu lado.

Eu já estava quase louca de dor e minhas pernas tremiam. Foi quando a Cris sugeriu fazer alguns exercícios do spining babies. Alguns aliviavam muito, porém outros eram uma verdadeira tortura. Mas eu sabia que faria bem. E com o apoio moral e físico da Cris, da Samanta e do meu marido eu conseguia resistir.

O clima ficava cada vez mais tenso e eu já estava em outra esfera (que agora sei que era a partolândia). Apenas pensava “Meu Deus, quando essa dor irá acabar”. Às 21hs a obstetra me falou sobre a analgesia. Eu estava mais entregue do que nunca e o que ela me falasse para fazer eu fazia. Lógico que me veio um frio no coração imaginado que eu poderia ir para uma cesárea, e com certeza, se não fosse por ela, eu teria ido.

A anestesista chegou, e era uma mulher, como havia pedido. Eu não conseguia ficar parada na cama de tanta dor, tinha que esperar entre uma contração e outra. Nesse momento a Cris segurou na minha mão e passou a contração toda comigo enquanto rolava a anestesia. Nossa, foi como tirar com a mão. Relaxei e dormi.

Mal sabia eu que aquele foi o momento mais tenso de todos. Os batimentos do Noah começaram a cair… Andrea logo veio conferir a dilatação e finalmente estava em 10, porém meu colo não estava totalmente preparado. Aí, ela fez uma massagem no colo para acelerar o processo, coisa que certamente nenhum outro médico faria. E aí, imagina onde isso daria…

Noah estava com a cabecinha na posição certa. Agora era só eu entrar em cena para fazer a força necessária. Nessa hora para mim só existia a obstetra, o que ela me falasse para fazer eu faria. Parecia que havia um túnel, só eu e ela. Ela perguntou se eu poderia fazer força, disse que sim, a força que ela quisesse.

Pegou o banco de cócoras e me falou para sentar no chão e meu marido atrás de mim. Ela me orientava quando fazer força e que tipo de respiração fazer. Eu apenas seguia seu comando, fazendo exatamente o que ela me pedia. Fiz toda a força que tinha dentro de mim. E em poucas contrações Noah estava lá! Nas minhas mãos! Na hora, o que pensei foi bizarro: “Putz, ainda tenho que parir a placenta”. Mas ao levantar para ir para cama ela caiu, ufa!

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Foto: Arquivo Pessoal

Fui para a cama com meu pequeno nos braços. Em paz e sem dor! A obstetra logo veio conferir meu períneo. Havíamos combinado que ela me falaria se tivesse acontecido algo, pois eu tinha um grande receio da laceração. Felizmente, nada aconteceu. Na hora, olhei para a Cris e agradeci pelo nosso trabalho pélvico.

Estava tudo bem comigo e chegou a hora da Dra. Ana Paula, pediatra, cuidar do pequeno. Ele era bem magrinho, tinha 2.460kg, baixo peso para o tempo gestacional. Na hora, todas me gozaram dizendo que fiz muitos exercícios na gestação. Mas a real é que eu havia combinado com ele de crescer de fato aqui fora, kkkkk!

Tudo bem com o pequeno também. Hora do papai cortar o cordão! Que emoção! Que alívio!
Estava em êxtase e infinitamente grata por toda essa linda equipe! Quanto amor e cuidado envolvido!

No fim também agradeci por meu marido estar ao meu lado em todo esse processo. Faz muita diferença para relação viver juntos esse momento! Parece uma catarse!

Eu não faria absolutamente nada de diferente. Pari da forma que sempre quis. Me senti a protagonista dessa história e estando na minha tenda vermelha, com as minhas mestras e guias que escolhi para estarem lá! Gratidão infinita a cada uma delas!

O parto me mudou. Fez eu me sentir mais poderosa e guerreira do que nunca, e mais certa da minha convicção de que o parto é coisa para mulheres!