Episiotomia

A episiotomia é um corte realizado no períneo (área entre vagina e ânus) para ampliar o canal de parto. Foi popularizada no mundo todo após a década de 40, quando os partos mudaram de um ambiente domiciliar para um ambiente hospitalar, pois os médicos acreditavam que o procedimento ajudava na diminuição do tempo do período expulsivo e facilitava o parto.

Na década de 70, movimentos sociais de mulheres começaram a questionar os procedimentos realizados rotineiramente no parto, e estudos sobre esses procedimentos foram realizados, com o apoio da Organização Mundial de Saúde – OMS. Em decorrência disso, em 1983 foi publicada uma importante revisão que demonstrou que, além do uso rotineiro da episiotomia não trazer benefícios, acaba sendo prejudicial.

Atualmente, já está comprovado por trabalhos confiáveis que a episiotomia de rotina, ou seja, aquela que é feita em todos os partos sem avaliação da real necessidade, não melhora resultados perinatais, pois não diminui risco de o bebê não nascer bem e de a mulher ter incontinência urinária ou fecal no pós parto, além de aumentar o risco de lesão perineal grave (que compromete o músculo do anus), a perda sanguínea no parto, as chances de dor perineal no pós parto e a longo prazo às relações sexuais e a necessidade de sutura, pois quando a episiotomia não é realizada, a maioria das mulheres não necessita de pontos.

Hoje em dia o que vem sendo questionado é se a episiotomia pode ser benéfica em casos selecionados ou se deveria ser banida da prática obstétrica. Essa resposta ainda não temos. As diretrizes do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) afirmam que “os melhores dados disponíveis não apoiam o uso liberal ou rotineiro da episiotomia. No entanto, há um papel para episiotomia para indicações maternas ou fetais, como evitar lacerações maternas graves ou facilitar partos difíceis”.

A Organização Mundial da Saúde recomenda uma taxa de episiotomia de, no máximo, 10% e em sua última diretriz, em 2018, reconheceu que “no presente momento, não há evidências que corroborem a necessidade de qualquer episiotomia nos cuidados de rotina, e uma taxa “aceitável” de episiotomia é difícil de determinar. O papel da episiotomia em emergências obstétricas, como o sofrimento fetal que requer o parto vaginal instrumental, ainda precisa ser estabelecido. Nos casos de necessidade, deve ser realizada a técnica médio lateral e sob efeito de anestesia local e com o consentimento informado da mulher.” Apesar de todas essas recomendações, a episiotomia ainda é uma prática realizada no Brasil com uma frequência acima do aceitável pela OMS.

Dentre os 1.794  acompanhados de 2004 a 20221505 (84%) foram partos normais e destes, 1,4% necessitaram de episiotomia.

Taxas de episiotomia

• Brasil: 54%
• Dinamarca: 3,7%
Obstetra Andrea Campos: 1,4% 

 

Anatomia da episiotomia