Foi indescritível receber minha filha, linda, calma. Ela me olhou no fundo dos olhos e em seguida mamou. Ficamos ali por alguns instantes, ou vários, não sei.
Parto normal induzido: Nascimento da Maria
Eis que chega o dia em que eu começo a escrever meu relato de parto… Sonhei muito com esse dia, planejei cada frase…
Fazem quase 12 semanas que a minha pequena Maria nasceu, e acho que só agora, depois deste verdadeiro nascimento que é a exterogestação, as emoções e turbulência do puerpério começam a dar lugar à nova Daniela, mãe de dois, completa, que teve o privilégio de gerar e parir duas vidas. Partos diferentes, porém muito amados. Pega um café, um lencinho e vem se emocionar comigo.
Era dia 21 de setembro e eu e meu marido fomos em nossa consulta de 37 semanas, eu já comemorando, pois na primeira gravidez chegamos somente às 36. Eu estava feliz, animada e cheia de certeza que desta vez iríamos a 39/40 semanas. Foi então que mais uma vez a vida veio me mostrar que não temos controle das situações, por mais planejado que seja, o rumo das coisas pode mudar a qualquer momento.
Minha obstetra querida e super atenciosa, Dra Andrea Campos, mede minha pressão, me olha nos olhos e diz que já era a terceira vez que minha pressão estava alta nas consultas. E que, nestes casos, o indicado é induzir o parto com 37 semanas, e que a partir dali, até domingo nossa filha deveria nascer. Pausa dramática para a cara do meu marido, que ficou uns 5 minutos tentando assimilar. Eu estava um pouco atordoada naquele momento, senti um misto de tranquilidade por estar tão bem amparada, e tristeza, porque mais uma vez, teria um parto induzido. O que me consolava é que desta vez eu havia escolhido a dedo quem estaria do meu lado, e que essa indução seria tranquila, necessária e o mais importante, seria respeitosa.
Saí de lá com o telefone de um acupunturista e alguns pedidos de exame. Dra. Andrea fez o exame de toque e já estávamos com 3 centímetros de dilatação e um colo favorável.
Na noite de sexta, após buscar o mais velho, que havia voltado de um acampamento, fiz a sessão de acupuntura, mas nada aconteceu. Com isso, a orientação era ir para hospital de manhã fazer a toco e outros exames. Lá, por conta da pressão alterada, a Dra. Andrea sugeriu já internássemos para começar a indução com um método pouco invasivo chamado propess (fita de prostaglandina). Lá fiquei até a manhã de domingo, ansiosa, descansado e tentando assimilar tudo que estava acontecendo
Acordei no domingo e, ao ir no banheiro, saiu o tampão, junto com a tal fitinha propess. Ligamos para a Dra., que pediu mais um exame de toque, e como ela estava no hospital, passou para me ver, examinou e decidimos colocar um comprimido para ajudar a dilatação, para seguir a indução.
Nove da manhã, foi aí que as contrações começaram, leves, quase despercebidas. Às 14hs elas começaram a pegar ritmo, a cada 3 minutos. Mas ainda era tranquilas para mim. Avisei a Nat, obstetriz, e a Dra. Andrea, que vieram rapidinho. Acredito que por ser o segundo parto imaginaram que seria mesmo rápido.
Às 17 horas entrei na sala de parto humanizado junto com meu marido, que estava muito ansioso. Chamei a Talita, fotógrafa, e começamos a fazer algumas posições de spining baby e a usar a bola. A Dra. fez o toque e viu que estávamos com 5 centímetros de dilatação e colo 50%. Foi então que optamos por estourar a bolsa, já que foi assim que meu trabalho de parto engatou no primeiro parto. Não precisaríamos usar ocitocina, por enquanto.
A partir daí não tenho mais lembranças de horários e fatos. As contrações começaram a engrenar, a dor foi aumentando, e tenho flashes. Começava ali minha transformação. Eu me sentia uma leoa, gritava, vocalizava. Ajoelhei no chão, elas me sugeriram a cama, a bola, a banqueta, tentei tudo, mas eu só seguia meu corpo. Por várias vezes a Nat tentou me ajudar com massagens, meu marido também, mas não queria o toque de ninguém.
A dor ficou insuportável para mim, e naquele momento julguei que precisaria da analgesia, para assim poder continuar a trazer minha filha ao mundo, de forma respeitosa comigo e com ela. Ali não havia sofrimento e sim a dor da transformação.
Após a analgesia relaxei e, em 15 minutos, senti minha filha chegando. Deitei de lado, quase que em posição fetal, e após algumas contratações, sem dor, senti ela descer pelo canal, senti sua cabecinha chegando, passei a mão pelo seus cabelos e, às 19h25 daquele domingo, 23/09, junto com a primavera, ela escorregou, direto para as mãos do pai. A Dra. Andrea só ficou ali, olhando e orientando.
Foi indescritível receber minha filha, linda, calma. Ela me olhou no fundo dos olhos e em seguida mamou. Ficamos ali por alguns instantes, ou vários, não sei. A Dra. me mostrou o cordão, que depois de parar de pulsar foi cortado pelo pai. Ela também me mostrou minha placenta linda, espessa, que nutriu minha pequena por 9 meses.
Meu filho mais velho entrou na sala e meu mundo congelou quando pude ver no seu olhar doce a alegria e emoção de conhecer sua irmãzinha. Eu agradeci a Deus por esta oportunidade.
Logo vieram a vovó e a tia, e ficamos lá rindo, curtindo. Nossa pediatra querida, Ana, ajudou com os primeiros cuidados e me pedia permissão para qualquer procedimento. Junto com meu filho mais velho e o pai, tomou o primeiro minibanho, pois era uma exigência do hospital. Mesmo assim a Dra. Ana esperou bastante para que a pele absorvesse todo o vernix. Foi incrível.
Aliás, tudo foi incrível. Fiquei por muito tempo curtindo e lembrando dos detalhes do meu parto. Que benção! Sou muito grata à minha equipe maravilhosa: Dra. Andrea Campos, Nat Rea, Dra. Ana Paula.