Eu sonhei e batalhei tanto pelo parto normal, e pensava: “ E aí, corpo, qual é que é? Vamos entrar em trabalho de parto! Vamos, bolsa, exploda”.  Mas não, mais uma vez percebi que a gestação é uma caixinha de surpresas.

Eu pari. Eu vivi o sonho de parir

EU PARI! Desculpa o textão! Chiara nasceu com 3.680 kg e tive zero laceração!

No dia 01 de maio de 2018, quando completamos 40 semanas, que a ansiedade bateu super forte em mim.

Eu sonhei e batalhei tanto pelo parto normal, e pensava: “E aí, corpo, qual é que é? Vamos entrar em trabalho de parto! Vamos, bolsa, exploda”.  Mas não, mais uma vez percebi que a gestação é uma caixinha de surpresas.

Fiz tudo natural que poderia fazer, caminhadas, acupuntura, massagem no colo. Mas nada.

Minha médica conversou comigo e disse para aguardarmos até 41+3 ou 41+5 para indução. Iria depender de como estivesse meu colo, mas que era para relaxar, pois tínhamos bastante tempo.

Tempo? Oi? Como assim? Tínhamos no máximo 14 dias.

Bom, chegamos às 41 semanas. Desde a 38ª semana eu já tinha contrações e dores, mas neste dia, acordei e tinha horário no consulado, chegando lá, estava com contrações que me faziam parar para respirar, mas nada de morte.

Meu marido me deixou em casa por volta das 11 da manhã, com as mesmas dores, um pouco mais fortes. Não falei nada pra ele, beijinhos e foi trabalhar.

Foi então que achei bacana começar a contar as contrações, pois bem, vinham a cada 7/5/9/6 minutos, às vezes davam uma pausa de uns 15/20 minutos. Mas vinham contrações fortes, de parar mesmo para se concentrar nela.

Resolvi então tirar o marido do grupo do parto (onde estavam doula, obstetra e obstetriz), e dizer o que estava rolando, isso já eram umas 13h30.

Pediram para eu fazer escalda pés e tomar um longo banho quente, e foi o que eu fiz. Marido, neste meio tempo, me ligou desesperado… Disse que estava tudo bem e o coloquei de volta no grupo.

Após o banho e já com marido em casa, o bicho pegou.

Eram 15h e as contrações vinham a cada 2/3 minutos e eram tipo a morte. JURO! Doía muito!

Depois de umas 2 horas neste ritmo, olhei para o marido e disse: “Que se exploda esse mundo natural, normal, sem remédios. EU QUERO CESÁREA, ANESTESIA, MUITAS DROGAS!” (risos).

Umas 17h30 a obstetriz pediu para o Pedro deixar o carro arrumado, e que estava vindo me examinar.  Pronto, todas aqui, e eu com 3 centímetros de dilatação e eu quase morrendo.

Obstetriz foi embora, fiquei apenas com o marido, doula, fotógrafa, meu irmão e minha filha.

Ficamos assim a madrugada toda, e então pela manhã as contrações espaçaram. Pararam de doer, e ficaram com intervalos de 30/40 minutos. Quase morri de tristeza. Achei que tinha chegado a hora e nada.

No dia seguinte tinha uma consulta com a minha obstetra. Ela me examinou, colo estava 90% esvaecido, 4cm para 5cm de dilatação, fizemos mais massagem no colo, bolsa íntegra, sai da consulta, e ela me disse: “Vida normal”, mas durma tudo o que você puder. Chegar em casa e dormir, descansar, o parto está se aproximando. Poupe energia.

Oi? Parto se aproximando? Tipo, quando ia ser? (risos). Chegamos em casa às 12h e deitei. Quando foi 12h16 a primeira contração, 12h20 a segunda contração.

Pensei, vou descer e almoçar voando antes que não consiga comer mais nada. Meninas, papo sério, se vocês acham que está iniciando o trabalho de parto, comam algo para energia, mesmo que não estejam com fome. Na hora do vamos ver eu não conseguia comer nada. Estava mastigando e vinha a contração eu tinha vontade de cuspir na cara de quem me deu na boca.

Utra dica: tenham sorvete e açaí em casa, foi  o que me salvou… maridão fazia um batidão de açaí com banana e mel e eu conseguia tomar de canudinho.

Dito e feito, as contrações voltaram!!! Fiquei tão feliz, mas ao mesmo tempo pensando se iria engatar ou não. De 5 em 5 minutos elas vinham matando.

Às 14h já estávamos com 3 contrações em menos de 10 minutos e eu quase subindo pelas paredes. Às 15h30 comecei a pedir para ir ao hospital, e todo mundo falando, calma, lembra do seu plano de parto… blá, blá, blá… meu marido tentando ser fofo… e eu só não chamei um uber depois de ter amarrado meu marido no armário porque ele concordou.

Quando foi 15h50 estávamos com 4 contrações em 10 minutos e arrumando as coisas para o hospital! Ufa!

O caminho até o hospital foi rápido. Mas foi horrível! Fiquei ajoelhada no banco de trás segurando o assento de cabeça e uivando nas contrações! (risos). Às 16h35 já estava na sala de parto com a obstetriz, e todos os profissionais chegando.

Banheira enchendo, e eu implorando pela anestesia. Então minha bolsa estourou! Tchibum! Ufa!!!!!!

Gente do céu, que dor, dói mesmo, dor de verdade! E quando falo dor, ACREDITEM é dor mesmo!!!!

Teria que aguardar chegar nos 6cm para tomar anestesia, um pedido da minha obstetra para o parto seguir na direção que eu sempre quis. Tomei anestesia às 19h35, aí meu mundo virou. Gente que maravilha, como aquele líquido mágico dá um alívio danado.

Pausa dramática para um fato: tomar anestesia tendo contrações! Isso é a pior coisa do mundo. JURO!

Pausa 2: após a anestesia, tive que ficar com um acesso no braço, que odeio e não queria, e não pude mais comer nada, nem beber água… Não pude mais entrar no chuveiro nem na banheira. Fiquei com muita sede, molhava a boca e até dava uns goles, mas isso foi ruim, gostaria de ter aguentado sem anestesia.

Bom, aí voltei a viver mesmo… Após 30 minutos, voltei a caminhar, dançar, agachar, até dei beijinhos no marido, ali era eu novamente.

Mas calma lá, a dose que a equipe dá é bem pequena. Combinamos que quando eu estivesse na dor nível 7 eu pediria para aplicar mais uma dose. Mas que quanto mais eu me exercitasse e aguentasse não tomar, seria melhor para o TP.

Acabei tomando de 2 em 2 horas até o nascimento.

Não me lembro quanto tempo continuei agachando, dançando e etc. Só sei que chegou um momento, eu estava fora de mim novamente… Partolândia? Who knows?! Não sei.

E então começamos a fazer força em várias posições… mas a maioria delas foi na banqueta, apoiada no meu marido, e com minha médica bem na minha frente, sentada no chão.

Ah!!!! A anestesia não faz com que a pressão suma, ou seja, neste momento…dói e dói muito… parece que você vai abrir lá por baixo…que vai virar do avesso…rs…

Mas eu não abri, estou viva, não explodi… Umas duas horas depois… em um dos puxos minha médica disse: “Coloca a mão e sente o cabelinho”. Eu achei estranho, mas coloquei e senti a cabecinha coroando. Gente, que emoção!

Mais vários puxos, e uma super dor, saiu a cabecinha, eu tava vendo a cabecinha, e ela começou a girar, e logo saiu o corpinho e veio aos meus braços… Que emoção, que benção.

Neste momento não tinha mais nada de dor, nadinha… e hoje, escrevendo aqui, tento me lembrar exatamente da dor e não me lembro! E garanto: hoje após viver 1 cesárea e 1 parto normal, eu passaria pela dor do parto normal 10000 x e não desejo a dor da cesárea para ninguém!

Eu pari, eu vivi o sonho de parir.

Ela ficou uns 40 minutos em meus braços, mamou, cordão parou de pulsar, placenta saiu, bolsa também.

Marido cortou o cordão e foi para os braços dele.

Nesse momento, nosso lindo e desejado parto, tinha fechado o ciclo. O nosso melhor parto, o nosso maior desejo, o resultado de 9 meses de muito empoderamento e aprendizado.

Meu marido foi um super parceiro do começo ao fim, não foi fácil, o cansaço pega qualquer pessoa, mas sempre retornamos ao nosso foco principal.

Sempre existem acontecimentos inesperados e precisamos saber lidar com tais mudanças e seguir dançando conforme a música.

Equipe:
Obstetras: Andrea Campos e Andreia Carreiro
Obstetriz: Priscila Raspantino
Doula: Suellen de Francesco
Foto e vídeo: Katia Ribeiro

Fonte: Texto publicado no site www.casamoara.com.br, em 11/06/2018