O parto foi muito rápido: comecei a ter contração às 20h, às 21h15 estava no hospital, e 1h46 da manhã a Nina nasceu. Era um medo meu que fosse um parto de 12 ou 13 horas com essa dor insuportável. E a minha decisão pela anestesia foi com base nisso, eu já estava no meu limite de dor, não sabia quanto mais tempo ia durar, então preferi tomar anestesia e continuar tendo um trabalho de parto mais agradável. E foi mágico.
Relato de parto humanizado: Nascimento da Nina
Quando engravidei, eu não conhecia o termo humanizado. O que eu sabia era que eu queria que o meu parto fosse natural, e que a Nina chegasse aos meus braços sem aqueles procedimentos invasivos que geralmente fazem naquele momento. Eu queria poder curti-la um pouco mais, queria que a experiência de vida da Nina, desde o princípio, pudesse ser positiva. Eu não queria simplesmente agendar uma data e tirar a bebê da barriga, de surpresa, com meu marido assistindo tudo por detrás da cortina, sem ser protagonista da história também.
Quando comecei a pesquisar sobre o assunto, descobri que médicos humanizados esperam o cordão parar de pulsar, que o pai tem a chance de cortá-lo… Mas via tudo muito solto na internet. Eu já tinha uma obstetra e comecei a fazer perguntas para ela, mas as respostas eram muito vagas. Então comecei a procurar mais sobre o que era aquilo que eu buscava, que nome tinha isso.
Foi aí que eu descobri o termo “humanizado”, ainda sem saber o que era. Encontrei a Casa Moara pesquisando na internet e pesquisei sobre cada um dos integrantes da equipe médica, para saber o que as pessoas comentavam sobre eles. A médica com quem eu mais me identifiquei foi a Dra. Andrea Campos.
Marquei uma consulta e ela me explicou tudo sobre o parto humanizado, muito além do que eu já imaginava. Comecei a frequentar a Casa Moara às quintas-feiras e a primeira palestra foi dela. Tive a chance de levar meu marido, que naquele momento achava que o que eu queria era algo muito hippie, mas ali ele soube que tudo é com base em evidências, e ficou muito satisfeito. Inclusive se surpreendeu ao saber que muita coisa na medicina não é baseada em evidências. Na palestra, ele percebeu que faz muito sentido todo esse processo natural do parto, das contrações, do preparo do bebê. Isso foi surpreendente para mim também: todo o processo hormonal que envolve o trabalho de parto favorece o bebê, independente de acontecer o parto normal ou de o trabalho de parto terminar em uma cesárea necessária.
Quando achei que fosse cruzar uma janela indo à casa Moara, atravessei duas portas enormes, pois vi que a humanização do parto é algo muito maior, que existe uma comunidade super envolvida nesse projeto de parto e amamentação, que envolve a Casa Moara, a Casa Curumim, outras casas de São Paulo, e que a Dra. Andrea está envolvida em todas elas.
O que mais me passou confiança foi como a Dra. Andrea foi clara, sempre perguntando se eu tinha mais alguma dúvida e deixando o canal aberto para fazermos perguntas. É uma pessoa que sabe o que está fazendo, que informa tudo que a gente precisa saber. E que sempre quer saber se existe mais alguma dúvida para que estejamos munidos de toda as informações, preparados e confiantes. É uma excelente profissional. Toda a equipe é importante, mas a Dra. Andrea foi a base. E ela sempre foi muito solícita e atenciosa, sempre respondeu mensagens pelo WhatsApp e sempre com um sorriso no rosto.
A atenção que a Casa Moara dá também foi um diferencial. Lá, quando chegamos, sempre tem um cházinho, uma fruta, e eles sempre demonstram preocupação com o bem-estar das pacientes. Oferecem yoga, cursos, preparação para o parto e o pós-parto… Tudo isso foi importante. Eu já tinha muito firme na minha cabeça o que eu queria, mas meu marido tinha muitas dúvidas. E participar daquela primeira roda foi crucial para ele se engajar e as coisas fluírem muito bem.
A preparação para o parto
Quando chegamos quase nas 41 semanas a Nina continuava com um percentil de peso baixo. A Dra. Andrea sempre monitorou isso e disse que queria que ela nascesse antes de 41 semanas, então já caminhávamos para uma indução.
Durante a gravidez eu fiz aulas de pilates, fiz drenagem e o epi-no, que me ajudou muito a entender qual era o tipo de força que eu tinha que fazer no expulsivo. Aprendi a respirar e encontrei a melhor posição para esse momento. Essa preparação foi crucial.
Nas semanas prévias à indução fiz massagem de períneo com a Dra. Andrea, o que ajudou a ter a dilatação. Fiz acupuntura para ajudar a estimular o parto, e tomei o shake que a Priscila, obstetriz, passou, também para fazer o estímulo do parto. Esse conjunto de coisas gerou o início das contrações, para tudo acontecer da maneira mais natural e sem precisar de ocitocina.
A chegada da Nina
O parto foi um momento muito mágico. Apesar de toda a dor eu fiquei muito consciente de tudo, eu sabia tudo o que estava acontecendo e tudo que eu queria. Sabia se a temperatura da água estava agradável, se a posição estava legal… Meu marido estava sempre me auxiliando com massagem e me apoiando, a equipe estava preparada para me dar suporte, a Priscila me indicava posições e exercícios para a bebê encaixar melhor… E durante o parto tudo foi fluindo de uma maneira boa, e quando a Dra Andrea chegou com aquele sorrisão no rosto viu que estava tudo bem.
Mesmo assim, eu pedi anestesia. Eu já estava com 9 cm de dilatação, mas não aguentava mais e fui anestesiada. E acho que consegui curtir mais esse final do parto, justamente por não estar sentindo dor e por conseguir fazer o expulsivo com consciência e sem sofrimento.
Nina nasceu muito rapidamente e comigo podendo olhá-la por um espelho. A Dra. Andrea colocou um espelho em frente à minha vagina e eu pude ver a Nina saindo naquele momento, e o meu marido podendo recebê-la nos braços. Foi muito lindo porque eu também a vi nascendo, e eu também pude sentir, quando coloquei a mão ela estava com a cabecinha já apontando.Toda a equipe estava sentada no chão, de frente para mim, todos ansiosos esperando, e eu podendo ver tudo isso por um espelho. Foi sensacional. Eu fiz força e pude curtir sem sentir dor. Eu me emocionei, foi muito lindo.
O parto foi muito rápido: comecei a ter contração às 20h, às 21h15 estava no hospital, e 1h46 da manhã a Nina nasceu. Era um medo meu que fosse um parto de 12 ou 13 horas com essa dor insuportável. E a minha decisão pela anestesia foi com base nisso, eu já estava no meu limite de dor, não sabia quanto mais tempo ia durar, então preferi tomar anestesia e continuar tendo um trabalho de parto mais agradável. E foi mágico.
Talvez eu pudesse ter chegado até o final sem tomar anestesia, mas acho que pedi-la foi uma decisão sábia para poder curtir esse momento final, o expulsivo, com tranquilidade. Inicialmente a Dra. Andrea pensou que poderia precisar do vácuo, mas não precisou. Eu consegui fazer o expulsivo escolhendo a banqueta, porque eu sabia que era a melhor opção para mim, porque eu havia feito exercícios em casa com o epi-no.
As coisa fluíram de uma maneira muito boa. E sem o apoio do meu marido não teria sido a mesma coisa, fez muita diferença ele estar envolvido. Se naquele momento, no início, ele não tivesse comprado a ideia do parto humanizado, não teria sido tudo mágico como foi.
A experiência humanizada
Acho que a equipe também foi fundamental para que o parto tenha sido tão bom. O trabalho da doula, de me explicar muitas coisas que eu precisava saber no dia do parto, e de orientar o meu marido para me auxiliar no momento, ajudou muito. A obstetriz, com as posições e os exercícios necessários para deixar a Nina posicionada para o parto, também foram importantes. O bom humor e a calma da Dra Andrea, tudo que ela sempre me passou, toda informação que ela nos deu, porque quando você vai com informação vai muito seguro daquilo que está fazendo, tudo isso conduziu o parto para que fosse uma experiência de muito sucesso.
O pós-parto também faz parte dessa experiência positiva. Ter toda uma equipe te dando apoio, e a Dra. Ana Paula, pediatra, dando toda assistência para a Nina, e ela ficar ali no quarto com a gente o tempo todo, tudo isso foi bom. Acho que o parto humanizado não envolve só o momento, tem o antes, o parto em si, e o pós.
Depois dessa experiência consigo ver com muito mais valor o trabalho da equipe, e todo mundo que trabalha com o parto humanizado tem que ser muito valorizado porque eu acredito que é algo que pode fazer diferença no mundo. É uma coisa muito mais linda, muito mais natural, e apesar de toda a dor, quando tudo passa a sensação é de calma. Eu não consigo me imaginar fazendo algo diferente disso.
Quando eu falava que ia ter parto humanizado algumas pessoas falavam “Você é louca, cesárea é muito mais tranquilo!”. Não, louco é quem não consegue visualizar essa parte do apego, do carinho, do amor, da proximidade com o bebê, da proximidade da família, como a gente se uniu mais nesse momento, tanto na preparação como durante o parto. Nós somos uma família muito mais em sintonia, porque os três trabalharam juntos para que aquele dia fosse especial.
Eu não mudaria nada, tudo aconteceu como tinha que acontecer. Eu fui atrás de uma equipe legal, sintonizada e preocupada com o meu bem estar, procurei tudo que eu precisava, tudo que elas falavam eu fazia e acreditava, eu confiei, tive o engajamento do meu marido… Eu não mudaria nada. Foi tudo maravilhoso.