Fui para frente de joelhos e, no mesmo instante, senti sua cabecinha em minhas mãos. Uma onda de alegria tomou conta, um alívio da dor, um amor incondicional. Lembro de rir, sorrir, agradecer, lembro de conversar com você, de chamar você para os meus braços. A adrenalina tomou conta. Pude sentir com calma sua chegada, um sentimento inexplicável, um amor tomou conta.
Relato do segundo parto natural hospitalar
Meu anjinho, você chegou no seu tempo, do seu jeito, e já conquistou todo nosso coração.
Cada dia mais entendo como nem sempre temos o controle de todas as situações da nossa vida.
Mais uma vez me preparei muito para sua chegada, filho. Papai e eu fizemos exercícios quase todos os dias a partir das 35 semanas de gestação. Conhecemos o spinning baby, que te ajudou a ficar na melhor posição dentro da mamãe para a sua chegada ser mais tranquila. E como foi tranquilo! Digo até que foi cômico. Quase não acreditamos que seria possível ter acontecido daquela forma.
Me emociono em pensar no dia do seu nascimento. Em como eu estava ansiosa por não saber o dia que escolheria para nascer. E, ainda mais, como seria esse dia.
Foi tudo tão rápido que flashes passam pela minha cabeça. Depois de uma noite maravilhosa de lua cheia, um exame e uma consulta médica, achamos melhor ficar na região de São Paulo. Trânsito intenso, colo do útero preparando, contrações espaçadas mas doloridas. Decidimos jantar e, caso as contrações se mantivessem espaçadas, pegaríamos um cineminha.
Pois é, no meio da minha cesar salad as contrações ritmaram a cada 7 minutos, depois a cada 6 minutos, e quando saímos estavam vindo quase que de 5 em 5 minutos. Equipe a caminho da maternidade, e lá fomos nós também.
Contrações doloridas, mas bem suportáveis. Entrei andando para fazer a triagem e dar entrada na internação. Eram 21 horas do dia 20/02/2019. Na triagem, uns 20 min de cadiotoco, e as dores mantendo seu ritmo.
Às 21h30 subi para o quarto de pré-parto. Ainda estava com mais ou menos 6 centímetros de dilatação. Resolvi tirar o sapato, papai foi logo encher a banheira, fui ao banheiro. Risadas e um clima tranquilo pairava na sala. Para mim, horas ainda separavam nosso primeiro encontro.
Resolvi sentar na bola de pilates para fazer exercícios, e ploft! Senti você mexer e a bolsa romper. Uma dor forte chegou junto. Nesse minuto, as médicas decidiram que era hora de trocar o quarto. E, nesse momento, evoluímos no nosso trabalho de parto e seguimos para o centro obstétrico para a sala de parto normal. A obstetriz ouviu seus batimentos e a cadeira de rodas foi acionada para me levar para o quarto onde você nasceria.
Fiquei por um minuto no chuveiro quente, e sentia dores fortíssimas a cada instante. Resolvi que pediria analgesia, pois achava que estava apenas começando e horas ainda tínhamos para nos conhecer.
Mais uma vez a Cris, com toda calma e força, olhou para mim e disse que não daria tempo. Me levaram para o outro quarto, onde insisti pela analgesia. Papai e toda equipe se paramentando, e novamente a Cris me confirmou que você estava vindo e que nem a ligação seria possível, pois você já já estaria conosco. Quase não acreditei, porque realmente tudo estava acontecendo em minutos, evoluindo muito rápido.
Uma vontade de fazer força tomou conta e, no mesmo instante, entendi você logo estaria chegando. Senti você descendo, comecei a me levantar e fiquei de cócoras na cadeira de rodas, porque estava sentindo você chegar, meu amor.
Como era perigoso ficar onde eu estava (quase escalando a cadeira de rodas, sem conseguir sair dali), me ajudaram a ir para a banqueta, da mesma forma que a sua irmãzinha nasceu. Mas aquela ainda não era a posição que você chegaria.
Fui para frente de joelhos e, no mesmo instante, senti sua cabecinha em minhas mãos. Uma onda de alegria tomou conta, um alívio da dor, um amor incondicional. Lembro de rir, sorrir, agradecer, lembro de conversar com você, de chamar você para os meus braços. A adrenalina tomou conta. Pude sentir com calma sua chegada, um sentimento inexplicável, um amor tomou conta. Esperei, e logo saiu o ombrinho, e mais uma contração que já não tinha mais tanta dor, e você veio para meus braços.
Por um momento quase dei uma mordida no ombro da obstetriz – momento cômico que bem me lembro.
Às 21:57 você nasceu. Não sei se passou mais de 15 minutos de bolsa rota até a sua chegada.
Ai, quanto amor, filho, que maravilhoso curtir isso dessa forma. Com mais noção do que estava para acontecer, você chegou da forma como queria, sem fazer rodeios, mas ao mesmo tempo me trouxe uma segurança tão boa. Você e sua irmã tiveram o mesmo parto, cada um do seu jeito, cada um na sua intensidade, amores imensos. Gratidão por ter escolhido a equipe certa para nos guiar e acompanhar nesse momento que vai marcar toda minha história, como mãe e como mulher.
Parir é algo louco, não conheço outra palavra que descreva. Chegamos a limites em segundos, gritos e sorrisos, alívio, dor… Paz. Estados que nem imaginamos que poderíamos um dia sentir.
Obrigada Dra Andrea, Cris Balzano e Samantha por me acalmarem e segurarem a onda no momento em que bate o medo, e por me trazerem para a forma consciente de novo.
Vou guardar para sempre o sentimento de gratidão por toda a equipe, sentimento de missão cumprida. Como foi maravilhoso gerar e parir vocês! Vou sentir falta de passar por isso de novo.
Estou apaixonada, apaixonada por essa equipe que desde a primeira gestação esteve ao meu lado, apaixonada por ter tido dois partos naturais muito emocionantes. Apaixonada por ser mãe.
Só posso chorar de alegria e dizer obrigada.
Bem vindo, meu mais novo ser.
Obrigada, Katia Ribeiro, por registrar cada minuto, pela correria, e por cada foto incrível que descreve cada sentimento.
Obstetra: Dra Andrea Campos
Obstetriz: Cristina Balzano
Doula: Samanta Gianicco
Fotografia: Katia Ribeiro