Foto: Lela Beltrão

O parto normal após cesárea ainda assusta muita gente que acredita que depois de uma cesárea a mulher só poderá ter outros filhos também via cesárea. Mas isso não é verdade. Há quem tenha uma ou mais cesáreas e consiga parir naturalmente e sem nenhuma intercorrência. O parto normal após cesárea é possível e até indicado, por ser mais seguro e ter grandes chances de sucesso.

Risco de rompimento do útero é mínimo

Também chamado de VBAC (Vaginal Birth After Cesarean Delivery), o parto normal após cesárea é erroneamente desencorajado, sob pretexto do risco da cicatriz da cirurgia romper. Na verdade, embora não seja impossível que isso aconteça, a ruptura do útero é uma complicação rara.

O risco de que a cicatriz rompa em um VBAC varia de 0,2 a 0,7%, ou seja, as chances são pequenas e não justificam a realização de outra cesárea. Esse risco é um pouco maior quando o intervalo entre a primeira cesárea e o parto é menor que 18 meses, por isso, é recomendado que a espera seja superior a esse tempo. Entretanto, intervalos menores entre a cesárea e o parto não contraindicam o parto normal.

De acordo com o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), quando o corte da cesárea é baixo e transverso, ou seja, feito na horizontal e na parte mais baixa do útero, o risco de rompimento é mínimo. O corte baixo e vertical, que é menos comum, tem maiores chances de romper. Mas a maior probabilidade desse tipo de complicação ocorrer é em mulheres que tiveram o corte da cesárea feito na vertical e na parte mais alta do útero, geralmente para o nascimento de bebês muito prematuros.

A ACOG recomenda consultar os registros médicos das cesáreas anteriores para saber o tipo de incisão feita no útero. Com essa informação, o obstetra que acompanhará o parto poderá avaliar se os riscos de rompimento durante o parto são consideráveis.

Foto: Lela Beltrão

Parto normal após cesárea é indicado

Ter um parto normal após ter vivido uma ou mais cesáreas tem benefícios. O parto normal tem menor risco de infecção, menor perda de sangue e uma recuperação mais rápida.

Além dessas vantagens, o VBAC não tem alguns riscos que aumentam conforme o número de cesáreas cresce. Múltiplas cesáreas têm chances consideráveis de ocasionar lesões na bexiga e no intestino, histerectomia (retirada do útero) e problemas com a placenta em futuras gestações.

O VBAC deve ser considerado até mesmo por mulheres que optaram pela cesárea mas entraram em trabalho de parto e o bebê está saudável. Em casos assim, a ACOG indica que a mulher e a equipe de assistência deixem que o trabalho de parto evolua naturalmente, pois será melhor para a saúde da mulher e do bebê.

Algumas situações podem fazer com que o planejado VBAC se torne uma cesárea necessária. Caso seja necessário induzir o parto com medicamentos, as chances de sucesso no VBAC diminuem, embora não seja impossível ter um parto normal induzido após cesárea. É importante que a equipe de assistência se mantenha atenta e informe a mulher sobre a evolução do trabalho de parto e a necessidade de intervenções, para que ela seja protagonista desse processo e tome as decisões mais adequadas.

Para saber mais sobre as taxas de cesárea entre as mulheres com cesárea anterior e comparar com outros grupos de mulheres, acesse o post sobre as Categorias de Robson.

Relatos de parto normal após cesárea

Veja algumas histórias de mulheres que conseguiram ter um parto normal após terem passado pela experiência de uma ou mais cesáreas.

VBAC induzido: Nascimento da Mariana

VBAC após Versão Cefálica Externa: Nascimento do Felipe

Relato de VBA2C: Nascimento da Teresa

VBAC: a experiência dos dois partos e meu amor pela humanização