Em uma das forças a cabecinha saiu (e eu e meu marido pudemos ver pelo espelho que a Dra. Andrea colocou na minha frente) e na próxima foi o restante do corpo. Pronto! Nossa Bianca chegou! Uma explosão de amor, de hormônios, de sentimentos… Nós 3 ficamos juntinhos, ela mamou e meu marido cortou o cordão assim que ele parou de pulsar.
Foi lindo. Foi inexplicável. Foi como a natureza pede.
Relato de parto induzido com métodos naturais por hipertensão
Antes de mais nada, aí vai meu conselho para futuras mamães: busquem o máximo de informação que puderem, escutem mulheres que optaram por um parto humanizado – e também aquelas que tiveram bebês “à moda antiga” -, prezem por consultas abertas com seus obstetras, questionem… E façam tudo isso pra estarem o mais preparadas possível para o momento mais inesquecível de suas vidas.
No meu caso, eu tive uma colher de chá e só reforçei o que há tempos já sabia: os irmãos mais velhos são os heróis dos menores, e não é à toa. Minha irmã teve um papel mais do que especial na chegada da Bibi, em 27 de fevereiro de 2019.
Isso porque foi ela que, no nascimento da sua primeira filha, quase matou a família de susto ao contar que o parto aconteceu na banheira do hospital – e foi ela que nos explicou o que era um parto humanizado, que nos tranquilizou e nos mostrou como tudo foi respeitoso, natural, especial. Foi ela que, ao descobrir que eu estava grávida, incansavelmente me questionou sobre o parto que imaginava pra mim, sobre minhas conversas em cada consulta com meu obstetra antigo… Foi ela que insistiu para que eu conhecesse a Dra. Andrea Campos. E foi ela que me permitiu assistir ao parto do seu segundo filho, pra que eu sentisse de perto a emoção do nascimento, pra que eu entendesse, de uma vez por todas, que era isso que eu queria – que era assim que as coisas deveriam ser.
Mudei oficialmente de obstetra por volta da 25a semana e foi a decisão mais certa que tomei. Confiar 100% na sua equipe é essencial e a Dra. Andrea sempre me passou segurança nas situações que enfrentamos durante a gravidez. No mesmo dia da nossa primeira consulta, fui encaminhada a um especialista, pois tive diagnóstico de colo uterino curto – e, cerca de 15 dias depois, tive que colocar um pessário e me afastar do trabalho. Foi duro, mas logo percebi o quanto estar longe do estresse do dia a dia seria benéfico pra mim e pra bebê; passei a curtir as tardes em casa, cada mexidinha que ela dava, e pude organizar os detalhes do quartinho com calma.
Num piscar de olhos, se passaram 2 meses e chegou o dia de tirar o anel (36+2). Eu estava bem apreensiva, pois não sabia quanto tempo seguiria com a gestação – e foi aí que veio mais uma emoção pra conta: tive picos de pressão alta e esse quadro se manteve nos dias seguintes.
Diante disso, a Dra. Andrea recomendou que entrássemos com métodos naturais de indução ao parto, pois a Bianca teria que nascer em breve: fiz massagem no colo do útero, acupuntura (foi ótimo) e tomei um shake que soltaria o intestino (que, pra mim, não fez efeito!).
Na manhã do dia 27 de fevereiro (37+1), acordei com contrações leves. Ao ir ao banheiro, notei um sangramento e que havia saído um pedaço do tampão. Entrei em contato com a Nat Cunha (doula) e também mandei notícias no grupo de whatsapp que montei com toda a equipe. Devido ao quadro de pressão alta, a orientação foi para já ir ao hospital.
Chegamos lá às 9h30 e tudo permaneceu tranquilo até a hora do almoço: ao som de uma playlist especial, fiz exercícios na bola de pilates e na cama com a obstetriz Nat Rea, aliviei a tensão no chuveiro e, como não tinha dores tão fortes, conversamos bastante rs…
Na hora do almoço tinha cerca de 7cm de dilatação, mas ainda não sentia a verdadeira dor do trabalho de parto. Até aí tudo estava uma delícia..! Eu pensava: “não é possível que seja ESSA a dor do parto!”. Quanta ingenuidade… rs
Lá pelas 16hs a Dra. Andrea sugeriu que estourássemos a bolsa e, a partir desse momento, eu me transformei: nada de conversinhas e sorrisos… As famosas contrações finalmente mostraram pra que vieram e eu não era capaz de falar um “A” com ninguém.
Foi fascinante… Toda a teoria que havia lido, tudo que imaginei um milhão de vezes, estava ali, acontecendo: pude ver cada onda de contração se arrastando pelo chão, vindo lá de longe, bem fraquinha… E ficando mais forte. À medida que chegava perto de mim, ia se tornando insuportável – até subir pelas minhas pernas e chegar no útero, nas costas. Só me restava então encontrar uma posição confortável e esperá-la ir embora, rastejando para longe de mim da mesma forma que chegou. Me lembro de que, nas últimas contrações, praticamente abri um espacate! Recomendo essa pose, mesmo para as pouco flexíveis, como eu rs!
Em meio a tudo isso, não gritei uma vez sequer… e não me esforcei pra isso (até porque não teria como!). Me lembro apenas de estar concentrada em cada centímetro do meu corpo, em cada respiração, “vivendo” e superando a dor – focada em permitir que ela seguisse seu caminho e fizesse a mágica acontecer.
Foi então que as contrações começaram a mudar e aquela dor que sentia deu lugar à vontade de fazer força. Meu primeiro pensamento foi “ah, não, o shake vai fazer afeito AGORA?” rs. Fui ao banheiro e nada aconteceu – e a Andrea, ao me examinar, disse que a bebê já estava pertinho!
Me sentei na banqueta com o meu marido e, a partir daí tudo aconteceu muito rápido: as contrações iam e vinham e eu segui muito calma e concentrada em fazer a Bianca nascer da melhor forma possível. A dor foi grande, mas segui em frente, confiando que a natureza faria seu papel. E foi o que aconteceu. A cada força que eu fazia, meu bebê chegava mais perto de nós! Esse pensamento foi suficiente pra superar qualquer coisa…
As meninas da equipe estavam sentadas no chão, na minha frente; e eu me lembro do sorriso delas, da emoção de presenciarem mais um nascimento como se fosse o primeiro.
Em uma das forças a cabecinha saiu (e eu e meu marido pudemos ver pelo espelho que a Dra. Andrea colocou na minha frente) e na próxima foi o restante do corpo. Pronto! Nossa Bianca chegou! Uma explosão de amor, de hormônios, de sentimentos… Nós 3 ficamos juntinhos, ela mamou e meu marido cortou o cordão assim que ele parou de pulsar.
Foi lindo. Foi inexplicável. Foi como a natureza pede.
A partir daí o cenário de tranquilidade mudou um pouco, pois eu tive uma hemorragia – causada por um pedacinho de placenta que ficou no útero – e precisei fazer uma curetagem.
Perdi bastante sangue e minha pressão caiu demais. Durante o procedimento, tive a sensação de estar flutuando na sala, mal conseguia me mexer… mas me lembro bem de manter o pensamento positivo e de rezar pra que tudo acabasse logo. Esse foi mais um momento em que pensei “nada como ter uma equipe de confiança!”. Sabia que tudo daria certo. Simples assim.
O susto passou e nós fomos correndo ao encontro da nova vida que nos esperava.