Depois descobrimos que o Léo veio ao mundo com 4.270kg, um bebezão! Sabíamos que ele não seria pequeno e isso nunca foi um empecilho… Foi um parto natural, com períneo íntegro do jeitinho que eu queria, a prova viva de que a Cris tem toda razão quando diz que o parto é da mulher e como ela quiser!

Parto natural com períneo íntegro: Nascimento do Leonardo

Foto: Arquivo Pessoal

O Léo veio ao mundo depois de quarenta e uma semanas de espera… Já tínhamos tido três alarmes falsos, inúmeras contrações de treinamento e muitas noites mal dormidas.

Na noite anterior ao seu nascimento eu e o meu marido tínhamos nos encontrado com a Dra. Andrea. No consultório ela fez mais uma de suas massagens milagrosas no colo do útero e concluiu que já estávamos com quase cinco dedos de dilatação. Nessa fase, a ansiedade já estava a mil e tentávamos manter a calma e a sanidade. Meu companheiro, que não gostava da ideia de um parto natural humanizado, estava muito inquieto e sem paciência… Por conta das quarenta e uma semanas concluímos que faríamos uma indução, em dois dias, caso não entrássemos em trabalho de parto naturalmente. Estava com muito medo desse procedimento, apesar da Dra. ter me explicado detalhadamente como tudo aconteceria.

Naquela noite senti algumas contrações mais ritmadas que pararam para que eu pudesse dormir e conseguisse recarregar as energias pra aventura que viria no dia seguinte… Pela manhã levamos a minha filha pra escola antes dos exames – cardiotoco e ultrassom – no laboratório. Foi a irmã sair do carro para que o pequeno voltasse a se movimentar e as contrações darem o ar da graça novamente. Ao chegarmos ao laboratório, comunicamos à equipe sobre a minha condição e fomos rapidamente encaminhados para o cardiotoco. Lá concluiu-se o que eu estava com contrações ritmadas, o que já caracterizava, segundo eles, trabalho de parto.

Tanto a Cris, nossa obstetriz, quanto a Dra. Andrea nos aconselharam que fossemos para o hospital. Chegando lá fomos encaminhados para a triagem e a Cris já nos esperava com um sorrisão no rosto. Fizemos trinta minutos de cardiotoco e, para o meu desespero, não houve uma contraçãozinha sequer! A recomendação da obstetriz era de que eu deveria voltar para casa para esperar pelo trabalho de parto naturalmente. Ao ouvir o seu conselho, eu disse que só sairia daquele hospital com o meu filho nos braços. Eu já tinha chegado no meu limite e queria muito conhecer o Léo! A Cris super entendeu e contatou a obstetra que disse que a bolsa deveria ser rompida para tentarmos entrar no tão esperado trabalho de parto naturalmente.

Fomos para a sala de parto humanizado do hospital e comecei a me preparar. Deitei na cama para que a bolsa fosse rompida, mas na hora H ela percebeu que a cabeça do bebê estava grudada na bolsa e que ela gostaria que a Dra Andrea fizesse o procedimento. Não fiquei nervosa nesse momento. Tinha preparado uma playlist com músicas muito especiais, o meu marido estava, surpreendentemente, tranquilo (graças a Deus) e nós conversávamos com a Cris sobre as nossas famílias ao som de Caetano…

Assim que a Dra. Andrea chegou, por volta das 15 horas, ela pediu que eu me deitasse e, prontamente, rompeu a bolsa. Me lembro que espirrou líquido amniótico pra todo lado e que eu não senti nenhuma dor. O tempo foi passando, as músicas mudando e, progressivamente, o trabalho de parto ia se configurando… No começo sentar no vaso (mesmo sem fazer nada) ou tomar uma chuveirada me relaxavam bastante. A Cris me passou exercícios bacanas pra estimular o processo, que eu fazia sozinha ou com a ajuda do marido. O que me incomodou foi ter que fazer o cardiotoco. Era desconfortável ter que ficar com os movimentos limitados por conta dos aparelhos. Sinal de que as contrações ficavam cada vez mais intensas…

Conforme as contrações se intensificavam, ia entrando em contato com o que há de mais ancestral em mim. A entrada na Partolândia foi marcada pela retirada dos meus óculos. Tenho mais de dez graus de miopia e tanto fazia enxergar ou não as coisas naquele momento. Me lembro de recorrer muito ao meu marido nas contrações: xingava, me descabelava e me escorava nele das mais diversas formas. Optei por não ter uma doula porque no parto da minha filha (normal com analgesia), que eu havia feito com outra equipe, pari muito reclusa, sem querer a companhia de ninguém. Nesse parto senti a mesma coisa, porém, recorri ao meu companheiro com muito mais frequência.

Foi na banheira que comecei a sentir uma das maiores dores da minha vida. Me lembro de segurar forte no braço da Dra. Andrea e perguntar: “Como você me deixou escolher um parto assim?”. Ela só me relembrava calmamente que era a melhor opção pra mim e pro bebê. Foi também nessa fase que pedi anestesia por causa do medo que eu estava sentindo. Nesse ponto jurava que eu não ia conseguir. A Cris e a Dra. Andrea me encorajavam e me acalmavam… Quando me deu vontade de fazer força e pedi pra sair da banheira, fiquei agachada numa parede entre o banheiro e a sala de parto e senti mais duas contrações homéricas. A Dra. Andrea e a Cris só me falavam pra ter calma porque já estávamos muito próximos de conhecer o Leonardo.

Quando levantei me deparei com a cama. A Cris me falou pra deitar na cama de joelhos e me apoiar no encosto. Esse foi o momento mais especial do parto e talvez da minha vida. Meu marido segurava nas minhas mãos e eu fazia muita força. A Cris me falou as palavras mais sábias e impactantes que guardarei pra sempre comigo: “Transforma a dor em força!”. A vontade de conhecer o meu bebê combinada com essas palavras me motivaram demais para fazer a maior força da minha vida. A Dra. Andrea acompanhava tudo e me passava algumas orientações pra levantar ou abaixar o quadril pro Léo vir da melhor maneira possível.

Não sei quanto durou o expulsivo, sei que foi lindo e empoderado. Ao carregar o meu filho nos braços, me senti a própria leoa. A pediatra demorou um pouco pra chegar, mas eu acolhi o meu leãozinho e o mantive nos braços com o maior amor do mundo. Como tinha sangramento excessivo e a pediatra ainda não tinha chegado, o meu companheiro ficou bem preocupado por um tempo… Enquanto a equipe limpava a maca e o meu corpo, fiquei com o Léo no colo, extremamente satisfeita e extasiada. Logo a doce pediatra chegou, o cordão parou de pulsar e eu mesma o cortei. A tal da golden hour foi mágica e transformadora….

Depois descobrimos que o Léo veio ao mundo com 4.270kg, um bebezão! Sabíamos que ele não seria pequeno e isso nunca foi um empecilho… Foi um parto natural, com períneo íntegro do jeitinho que eu queria, a prova viva de que a Cris tem toda razão quando diz que o parto é da mulher e como ela quiser!