Foto: Kátia Ribeiro

Indução do trabalho de parto é o uso de métodos medicamentosos para fazer com que o trabalho de parto tenha início, ou seja, para que as contrações do útero comecem a acontecer.

A indução do trabalho de parto é recomendada quando algo na saúde do bebê ou da mulher inspira preocupação, e o trabalho de parto não começou espontaneamente.

De acordo com o Ministério da Saúde, a indução é uma prática aceitável e recomendável quando há indicação. Induzir o trabalho de parto pode evitar resultados desfavoráveis para a mãe ou o bebê, além de uma cesárea desnecessária e suas possíveis consequências.

Fases do trabalho de parto

Primeiro, é importante esclarecer como o trabalho de parto se desenvolve. Ele tem três estágios, e uma indução só é feita quando a mulher não está ainda no primeiro deles.

Veja quais são as fases do trabalho de parto:

  • Primeiro estágio: a mulher apresenta contrações regulares a cada 3 a 5 minutos por mais de 1 hora. As contrações são geralmente com dor e duram em torno de 50 a 60 segundos. Ele se divide em duas fases:
    • Fase de Latência: Mudança gradual do colo do útero. Pode chegar até 6 cm de dilatação.
    • Fase Ativa: Mudança rápida do colo do útero. Se inicia após 4 a 6 cm de dilatação e vai até a dilatação total ou 10 cm, quando o colo desaparece completamente e o útero e a vagina se transformam no canal de parto.
  • Segundo estágio: da dilatação total até o nascimento. É quando a cabeça do bebê desce pelo canal de parto. Se divide em duas fases:
    • Fase Passiva: da dilatação total até os puxos involuntários (quando a mulher sente vontade de fazer força, como a vontade de evacuar);
    • Fase Ativa: do início dos puxos até o nascimento do bebê.
  • Terceiro estágio: do nascimento do bebê até a saída da placenta, chamada de dequitação.

Por que fazer indução do trabalho de parto

No Brasil, o Ministério da Saúde indica que a indução do parto seja feita após a 41ª semana de gestação, com a concordância da mulher.

Outros motivos para realizar a indução do parto é o oligoâmnio, ou seja, diminuição da quantidade de líquido amniótico, bolsa rota sem que a mulher tenha entrado em trabalho de parto, hipertensão na gestação ou alguma outra condição que esperar o parto espontâneo traga riscos associados.

Qualquer que seja o motivo, a mulher deve ser informada, esclarecida e concordar com o procedimento.

Foto:Kátia Ribeiro

Como é feita a indução do trabalho de parto

Antes da indução ser efetivamente realizada, o ideal é tentar alguns métodos de preparo do colo do útero, que vão ajudar a deixá-lo mais amolecido e um pouco dilatado, para facilitar a dilatação que acontecerá quando as contrações ficarem ritmadas.

Existem maneiras farmacológicas e não farmacológicas de realizar esse preparo. Dentre os métodos não-farmacológicos estão o descolamento de membranas (que pode ser complementado com alguns pontos de acupuntura) e o uso do balão intracervical. O método farmacológico consiste no uso de prostaglandinas via vaginal.

Ilustração do uso de balão intracervical

O descolamento de membranas, embora um pouco desconfortável, é um método seguro e eficaz, pois promove a liberação de prostaglandina, hormônio que ajuda a maturar o colo do útero e as vezes acaba desencadeando as contrações. Ele consiste num exame de toque e de uma massagem no colo do útero, que acaba descolando a parte da bolsa que esta em contato com o colo.

O balão intracervical consiste na introdução da um catéter com um balão cheio de água ou soro na ponta que é colocado no canal do colo do útero e que ajuda a deixá-lo mais mole e dilatado, preparando o terreno para a ação das contrações. O intuito é que o balão cervical vá massageando o colo até que o mesmo se abra e o balão saia, deixando o caminho preparado.

As prostaglandinas via vaginal são a alternativa farmacológica para o preparo do colo, e no Brasil existem em forma de comprimido ou de fita. Elas são utilizadas com a paciente já internada e muitas vezes podem acabar desencadeando as contrações (além de preparar o colo, que é a função desejada). Elas são contra-indicadas para mulheres com cesárea anterior devido a aumentarem o risco de uma ruptura uterina.

Descolamento de membranas. Ilustração: Marcella Briotto

Depois do colo preparado, a indução continua com o uso da ocitocina intravenosa, um hormônio sintético que provoca as contrações. Idealmente ela é utilizada com uma bomba de infusão para que sua dose seja minuciosamente controlada para ser a dose mínima necessária para que a mulher tenha 3 contrações em cada 10 minutos, que é o ritmo ideal e fisiológico das contrações do trabalho de parto. Quando as contrações se regularizam, assim que possível é realizada a ruptura da bolsa, pois isso ajuda o corpo da mulher liberar a ocitocina endógena. A partir daí, muitas vezes é possível até retirar a ocitocina sintética e deixar o parto evoluir normalmente.

A indução do trabalho de parto só é contra-indicada quando há uma contra-indicação ao parto normal, como em casos onde o bebê não está bem ou casos de algum outro impeditivo para que o parto aconteça (placenta prévia, que recobre o colo do útero, por exemplo).

O que diz a Organização Mundial de Saúde

No documento “WHO Recommendations for Augmentation of Labour”, ou “Recomendações da OMS para intensificar o trabalho de parto”, a Organização Mundial de Saúde oferece algumas orientações aos profissionais de assistência ao parto. A intenção do documento é estimular condutas baseadas em evidências científicas e que respeitem o protagonismo da mulher para uma experiência positiva de parto.

A OMS afirma, neste documento, que exames de toque não são a maneira mais indicada de detectar o início ou atraso do trabalho de parto. A orientação é que isso seja avaliado por meio de um partograma com linha de ação de quatro horas.

A Organização Mundial de Saúde também não recomenda o uso de fluídos intravenosos e nem de misoprostol por via oral para acelerar o trabalho de parto. Em vez disso, ela indica que a mulher tenha liberdade de movimentos e seja encorajada a ficar na vertical, para que a força da gravidade auxilie o bebê a descer.

A presença de uma acompanhante também é uma boa prática recomendada pela OMS como recurso para intensificar o trabalho de parto. A segurança que o acompanhante provoca na mulher aumenta os níveis de ocitocina e ajuda o trabalho de parto a fluir.

Fontes:

Parto, aborto e puerpério: Assistência humanizada à mulher

WHO recommendations for augmentation of labour

Médica e obstetra de Parto Humanizado