Foto: Kátia Ribeiro

Se você está em busca de informações para se preparar para o parto, certamente já se deparou com alguma palavra desconhecida em um artigo ou relato de parto. O significado impossível de ser deduzido muito provavelmente te levou ao Google, em busca de algum glossário do parto humanizado capaz de sanar essa e todas as outras dúvidas que viriam.

Alguns termos comuns a quem está envolvido com a humanização do parto são mais técnicos, e por isso, quem chega agora pode estranhar. Mas o conhecimento é essencial para se empoderar, portanto, toda dúvida deve ser esclarecida.

Para que ninguém chegue ao parto com pontos de interrogação na cabeça, preparamos esse glossário do parto humanizado, que reúne os termos que geram mais dúvidas e os respectivos significados.

Se você não encontrar aqui a palavra que procura, não deixe de mandar sua dúvida pelo Facebook ou Instagram.

Foto: Katia Ribeiro

Glossário do Parto Humanizado

  • Apojadura: É a descida do leite. Acontece por volta de 72 horas após o parto;
  • Balão cervical: Trata-se de um catéter de borracha ou silicone com um balão na ponta. É utilizado para ajudar na preparação do colo do útero, em casos com necessidade de indução do parto;
  • Bolsa rota: Termo usado quando a bolsa das águas se rompe. A bolsa romper não necessariamente indica que a mulher está em trabalho de parto, nem é necessário que ela se rompa ou seja rompida artificialmente para que o bebê nasça. A bolsa pode romper antes das contrações começarem em 8% dos casos, no nono mês, e a maioria dessas mulheres entrará em trabalho de parto espontaneamente nas próximas 24 horas (50% em 17 horas, 75% em 75 horas de acordo com um trabalho que estudou 5041 mulheres). Na maioria dos casos (92%), o trabalho de parto se inicia sem a bolsa se romper, ocorrendo sua ruptura em seu decorrer, podendo até em raros casos o bebê nascer dentro da bolsa, o que chamamos de parto empelicado. Quando a bolsa se rompe, são liberados mais hormônios que estimulam o parto, podendo ocorrer um aumento do ritmo das contrações, motivo pelo qual em alguns casos, realizar a ruptura artificial pode ser benéfica (é uma das intervenções no parto que só devem ser feitas em caso de necessidade).
  • Cardiotocografia: Exame que avalia o bem estar do bebê através da monitorização das contrações uterinas e dos batimentos cardíacos;
  • Colo apagado: Colo fino, já preparado para o parto;
  • Colostro: Secreção que precede a descida do leite. Serve de alimento e fonte de anticorpos para o bebê nas primeiras 72 horas de vida;
  • Descolamento de membranas: Técnica utilizada para preparar o colo do útero em casos onde pode ser necessária uma indução de parto. É introduzido um dedo dentro do colo do útero e feito um movimento circular que descola a bolsa da área próxima ao colo do útero;
  • Epi-no: Aparelho usado no final da gravidez para ajudar no alongamento da musculatura perineal. Ele diminui as chances de laceração do períneo na hora do parto;
  • Gentlebirth: Técnica utilizada para preparo emocional da mulher para uma experiência positiva no parto. Nela são utilizadas ferramentas da terapia cognitivo-comportamental, hipnose, psicologia do esporte e mindfullness;
  • Golden hour: Hora dourada, a primeira hora após o parto, quando há a predominância de vários hormônios que vão atuar para estimular a criação de vínculo entre a mãe e o bebê e favorecer o aleitamento materno;
  • Hypnobirthing: Técnica de hipnose utilizada para relaxamento e alívio da dor no trabalho de parto;
  • Mecônio: Em alguns partos, o líquido amniótico pode ser esverdeado por conter o que chamamos de mecônio. O mecônio é a primeira evacuação do bebê e pode acontecer ainda dentro do útero quando ele está maduro (aumentando sua ocorrência após 41 semanas) ou em situações de diminuição se sua oxigenação. O mecônio é estéril e é normalmente engolido e digerido pelo bebê sem oferecer riscos por isso. O que oferece riscos é a aspiração do mecônio (quando o mecônio vai para o pulmão e causa as complicações chamadas de síndrome de aspiração meconial), e isso pode acontecer principalmente quando o bebê não nasce bem e respira pela primeira vez. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o mecônio por si só não é uma indicação de cesárea. Quando detectamos a presença de mecônio, o que fazemos é monitorar o bebê com um aparelho chamado cardiotocografia, que vai avaliar seu bem estar. Se estiver tudo bem, o trabalho de parto é acompanhado normalmente e será até melhor que o bebê nasça por parto normal, pois a passagem pelo canal de parto eliminará o mecônio das vias aéreas superiores do bebê, ajudando a diminuir o risco dele aspirar quando respirar pela primeira vez. A cesárea deve ser indicada nos casos em que o monitoramento mostrar que o bebê não está bem e ela for o meio mais rápido para seu nascimento, pois nessas situações a aspiração pode acontecer ainda dentro do útero. Num estudo americano avaliando 20.047 nascimentos, a presença de mecônio ocorreu em 9,2% e a síndrome de aspiração meconial em 0,1% dos nascimentos;
  • Misoprostol: Comprimido de prostaglandina usada para o preparo do colo do útero para indução do trabalho de parto;
  • Nascimento empelicado: Quando a bolsa não se rompe durante o trabalho de parto e o bebê nasce dentro dela;
  • Períneo íntegro: Dizemos que foi períneo íntegro quando o bebê nasce sem que aconteça nenhuma laceração e a mulher não precisa levar nenhum ponto na vagina. Isso só é possível acontecer quando não é realizada a episiotomia de rotina (corte na vagina na hora do nascimento), conforme recomendação da OMS;
  • Propess: Fita de prostaglandina sintética usada para preparar o colo do útero em casos de indução de parto com colo desfavorável;
  • Spinning babies: Técnicas posturais que auxiliam no alongamento dos ligamentos da bacia e no melhor posicionamento do bebê;
  • Tampão: Muco produzido pelas glândulas do colo do útero. Conforme o colo do útero se prepara para o parto, o tampão vai se soltando;
  • VBAC: VBAC é o termo usado para mulheres que tiveram um parto normal depois de terem tido uma cesárea (do inglês, Vaginal Birth After Cesarean Delivery). Apesar de uma maior chance de cesárea em relação a mulheres sem cesárea anterior, a tentativa de parto normal após uma cesárea é segura e tem altas taxas de sucesso. Num VBAC existe um risco de ruptura uterina que varia de 0,2 a 0,7%. Por ser um risco pequeno, não justifica a realização de outra cesárea por esse motivo. Esse risco é um pouco maior quando o intervalo entre a primeira cesárea e o parto é menor que 18 meses, por isso a recomendação de uma espera superior a esse tempo (mas intervalos menores não contraindicam o parto normal);
  • VCE: sigla de Versão Cefálica Externa, uma manobra feita no final da gravidez para virar de cabeça pra baixo um bebê que está sentado;
  • Vernix: Sebinho branco que recobre a pele de alguns recém nascidos que tem um papel importante na sua proteção. É produzido pelas glândulas sebáceas por volta da vigésima semana de gestação, e aparece principalmente nos bebês nascidos no nono mês de gravidez. Bebês prematuros ou após 42 semanas geralmente não apresentam vernix, o que pode justificar a pele flácida e descamativa destes bebês. O vernix é basicamente uma secreção sebácea, composta por gordura, aminoácidos e células que se desprenderam da pele do bebê no período intrauterino. Dentre as principais funções do vernix estão hidratar a pele do bebê, facilitar a passagem pelo canal do parto, proteger a pele do estresse ambiental e de bactérias nocivas e prevenir a perda de calor nas primeiras horas de vida. Estudos recentes também o relacionam ao desenvolvimento da microbiota intestinal humana. Por esses benefícios, o vernix não deve ser removido imediatamente e o banho deve ser adiado por pelo menos seis horas após o nascimento, de acordo com as Diretrizes da Organização Mundial de Saúde para os cuidados com o recém-nascido.
Foto: Lela Beltrão