Barriga de mulher grávida sendo tocada gentilmente durante trabalho de parto
Foto: Kátia Ribeiro

A base de uma maternidade saudável é uma experiência positiva não só no parto, mas também ao longo do pré-natal. É isso que defende a Organização Mundial de Saúde (OMS), que em 2016 lançou “Recomendações da OMS sobre cuidados pré-natais para uma experiência positiva na gravidez”, um guia com orientações para que os cuidados pré-natais (CPN) vão além de salvar vidas, e também garantam qualidade de vida às gestantes e seus bebês.

A OMS estimula que as práticas dos profissionais envolvidos na assistência à gestante sejam baseadas em evidências. E, também, que priorizem a saúde e o bem-estar centrados nas pessoas, de acordo com uma abordagem baseada nos direitos humanos.

Na prática, isso significa que durante o pré-natal a gestante deve ser orientada e informada, de maneira efetiva, sobre a própria saúde, os exames necessários e os cuidados que deve tomar. As mulheres e as adolescentes grávidas também precisam ser apoiadas de maneira respeitosa e efetiva, sempre levando em consideração os aspectos sociais, culturais, emocionais e psicológicos de cada uma.

Para orientar os profissionais envolvidos na assistência à mulher durante o pré-natal, a Organização Mundial de Saúde pontuou os principais cuidados e práticas a serem adotados.

Saiba quais são as recomendações da OMS para um parto positivo e seguro

Nutrição da mulher durante a gestação

A OMS preconiza que uma alimentação balanceada, rica em energia, proteínas, vitaminas e sais minerais adequados, combinada à prática de atividades físicas, é essencial para que as mulheres se mantenham saudáveis e evitem o ganho de peso excessivo durante a gravidez. É recomendado que o cardápio da gestante seja diversificado, e inclua vegetais verdes, carne, peixe, feijão, frutos secos, cereais integrais e frutas.

Além da boa alimentação, recomenda-se que a mulher faça uso de suplementação oral diária de ferro e ácido fólico. Essa medida evita anemia das mães, infecção puerperal, baixo peso do bebê e parto prematuro.

Também é indicado, apenas para mulheres que consomem mais de 300 mg de cafeína por dia, reduzir a ingestão da substância para evitar o risco de aborto espontâneo e recém-nascidos com baixo peso.

Avaliações necessárias no pré-natal

Para analisar a saúde da mãe, a OMS recomenda, em contextos específicos, que a mulher faça alguns exames. Um deles é o hemograma, para diagnosticar anemia. Outro recomendado é o de cultura da urina, para verificar a presença de bacteriúria assintomática (ASB).

Também é indicado que todas as gestantes meçam o índice glicêmico, para detectar diabetes gestacional, e façam testes de HIV e sífilis.

Além desses cuidados, é importante que a gestante faça uma ecografia antes das 24 semanas. Esse exame vai estimar a idade gestacional, melhorar a detecção de anomalias fetais e gravidezes múltiplas, reduzir a indução do trabalho de parto para gestações pós-termo e melhorar a experiência da mulher na gravidez.

Como medida preventiva, a Organização Mundial de Saúde indica o uso de antibiótico durante sete dias para tratamento de bacteriúria assintomática (bactérias na urina mesmo sem infecção), para evitar infecção urinária persistente, que pode ocasionar parto prematuro e baixo peso do bebê ao nascer. Também é indicada a vacinação com toxóide tetânico, uma maneira de evitar a mortalidade neonatal por tétano.

Os profissionais da saúde devem sondar as pacientes sobre a eventualidade da violência doméstica, para que recebam a assistência necessária. Também devem perguntar a todas as mulheres grávidas se usam ou usaram álcool e outras substâncias, e se fumam, fumaram ou convivem com fumantes.

Recomendações da OMS para amenizar sintomas fisiológicos comuns

Náuseas, azias e dores são comuns durante a gestação. Para amenizá-las, a Organização Mundial de Saúde faz algumas recomendações, a maioria baseada em métodos naturais.

As náuseas e vômitos podem ser reduzidos com gengibre, camomila, vitamina B6 e/ou acupuntura. Já para a azia, uma mudança na alimentação pode ajudar. Se não for suficiente, o uso de antiácido está liberado.

Outro problema comum na gravidez é a cãibra, especialmente nas pernas. Esse incômodo pode ser reduzido com o uso de magnésio, cálcio ou opções de tratamentos não farmacológicos de preferência da mulher.

Para as dores lombares e pélvicas, além de atividades físicas durante toda a gestação, a OMS indica fisioterapia, cintas de suporte e acupuntura.

A constipação pode diminuir com sêmola de trigo ou equivalentes, e para as veias varicosas o guia indica meias de descanso, elevação das pernas e imersão em água.

Foto: Marcelo Min / Fotogarrafa

Intervenções para melhorar a qualidade de vida da mulher durante o pré-natal

Evitar a mortalidade é importante, mas não deve ser a única finalidade dos cuidados de pré-natal. É importante garantir que a mulher se sinta acolhida, orientada e informada. Que seu bem-estar seja garantido e que ela e a equipe tenham a quem recorrer caso necessário. Para isso, a cartilha sugere que cada mulher tenha um caderno de anotações para melhorar a continuidade e qualidade dos cuidados recebidos.

Outra indicação é que, em programas de obstetrícia que funcionem devidamente, alguns cuidados sejam prestados por parteiras, e também em grupos de pré-natal.

Se os profissionais de assistência à saúde da mulher e do bebê durante o pré-natal seguirem essas premissas, todas as mulheres grávidas estarão bem amparadas para que vivam uma experiência positiva. Isso é essencial para uma maternidade saudável e famílias prósperas.

Veja aqui o guia Recomendações da OMS sobre cuidados pré-natais para uma experiência positiva na gravidez